- Uma coisa que você nunca irá saber, pelo menos eu não vou ser quem irá te contar.
- Alguma chance de outra pessoa me contar?
- Não.
- Alguma chance de você me soltar?
- Não sei, estou refletindo sobre isso ainda - e deu mais uma torcida no meu braço, que surpresa.
- Eu só te dei um soco, bem merecido ainda por cima.
- Só um soco? Você realmente não sabe a força que tem quando se esforça.
- Sério? Que bom pra mim, agora vamos ao que intereça. O que você é?
- Já respondi e não vou repetir novamente.
- Tudo bem, eu descubro sozinha então.
- Como?
- Eu tenho meus meios - mesmo eu ainda não sabendo quais.
- Se você fosse esperta já teria descobrido faz tempo.
- Minha vez de perguntar: Como? E só pra avisar, estou um pouco desconfortável nesta posição e estou sendo eufemista quando disse um pouco.
- Já dei uma bela dica, não vou ficar falando mais.
Cinco minutos depois e ele ainda estava me prendendo.
- Não vai me soltar não?
- Não.
- O que você vai fazer comigo então?
- Quer mesmo saber? - sussurrou no meu ouvido.
- Não! Quero sair do meio do nada, quero um pouco de civilização!
- Você não está em condições de mandar nada. Só de obedecer.
- Você ainda acredita que eu irei te obedecer algum dia?
- Sim, e acho que esse dia está muito próximo - falou isso e sua boca foi descendo da orelha até meu pescoço, dando leves mordidas aonde passava.
Pescoço, mordidas, isso me lembra...
- Você é um vampiro? - ele parou um pouco, me olhou com descrença nos olhos e depois continuou a torturação.
- Você não tem muita imaginação, né?
- O que posso dizer? Fui criada em um tipo de prisão.
- Então você já deve estar acostumada a ficar assim. Presa. Encurralada.
- Não do seu jeito - se fosse tava bom - E seria muito bom se você me soltasse.
- Por quê? Me diga por que eu deveria fazer isso? - sua boca já estava no meu maxilar.
- Porque isto está me incomodando - mas nem eu mesma acreditei no que disse.
- Quero um argumento sincero.
- É...É...
- Por que você simplismente não se deixa levar? Você me quer, eu sei disso.
- Além de gost...idiota é convencido.
- Você ia falar gostoso?
- Não.
- Ia sim. Viu? Pra que fugir?
- Eu ia falar gos..
- Toso.
- Isso mesmo. Aí, viu o que você faz? Para de ficar tentando completar as minhas frases!
- Não estou tentando.
- Ah, quer saber? Que se dane! - depois de falar,minha parte louca pareceu tomar conta de mim e... bom... eu pirei, de um jeito bem peculiar.
Eu poderia tê-lo socado - na realidade não - feito ele desmaiar, deixá-lo no meio da estrada e seguir dirijindo para algum lugar. Era um plano perfeito, ou quase, mas não fiz isso, não, de jeito nenhum.
Comecei a agarrá-lo ali mesmo, naquele espaço espaço minisculo e presa pelo macabro. Já da pra se ver quanto feminista eu sou, agarrando o cara que me sequestreou, esfaqueou, sequestrou de novo, é convecido e metido a besta. Mas fazer o quê? O sol estava mesmo muito forte e fazendo com que eu não pensasse direito. Sendo assim, não foi exatamente minha culpa o que fiz.
Engraçado que na mesma hora ele soltou meus braços e rodeou meu corpo com os seus.
- Eu sempre venço - murmurou com os lábios colados nos meus.
Depois que ele falou isso, parece que minha consciência decidiu voltar a vida.
- Não dessa vez - respondi.
Fiz exatamente como ele e seu primo haviam me ensinado, acho que não pensaram que eu poderia usar seus golpes contra eles. Azar.
Usei toda força que consegui encontrar, dei um pulinho e desci com o pé bem nos pontos baixos dele. Após essa magestosa arte, que deu certo somente por eu ser baixinha e miudinha, - e, tudo bem, esse primeiro golpe foi idéia minha mesmo, nunca que eles iriam me ensinar algo tão baixo, até poderiam, mas quem seria a vitima? - dei um soco em sua barriga, pois sabia que se eu tentasse atingir seu rosto ele conseguiria me parar. Como esperado eu havia pegado-o de surpresa e bem após isso peguei sua cabeça com minhas duas mãos e empurrei-a contra o volante, deixando-o assim em um estado permanente de inconsciência.
É, acho que eu sou realmente muito forte. Mas agora, a pergunta de um milhão: "O que fazer com ele?"
Uma idéia me surgiu. Comecei a procurar um rolo de cordas no porta-luvas, que eu havia descoberto enquanto estavamos indo as compras, um século atrás. Enrrolei seus pulsos e tornozelos e após eu sair do carro e dar uma volta em torno dele pra ir no lugar do motorista e empurrar Matteo pro banco de passageiro e amarrar ainda mais a corda em torno do banco para não haver chances de alguém escapar, cai cansada no meu lugar e esperei ele retomar a consciência.
Algo me dizia que ele estaria muito, muito bravo comigo. Que surpresa...
O sol já estava se abaixando no horizonte quando Matteo resolveu dar algum sinal de vida. Já estava ficando preocupada e se eu tivesse usado mais força do que era necessário?
- O que está acontecendo? - perguntou enquanto olhava ao seu redor e tentava se mexer - por que estou amarrado?
- Porque eu amarrei você, enquanto estava inconsciencia da surra que eu dei em você - respondi com calma, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo e na verdade era.
- Fique sabendo que quando eu me soltar...
- Você vai fazer o quê? Bater em mim? Tente. Se continuar a fazer ameaças nunca mais te solto e se tentar fugir te jogo no meio da estrada, amarrado e tudo.
Ficou calado. Pela primeira vez, tive o prazer de ver que ele não tinha nenhum comentário sarcástico para me responder, ao contrário, estava fazendo exatamente o que falei. Acho que estou sonhando e ainda não percebi.
- É sério, você tem que me soltar.
- Por que eu faria isso?
- Por que já está anoitecendo.
- E...
- E se você não quiser morrer é melhor fazer isso.
- E quem iria me matar? Você não está em circuntancias adequadas pra fazer isso.
- Não, mas daqui a pouco já vou estar.
- Por que?
- Lembra que você queria saber meu segredo?
- Sim, mas o que isso tem a ver?
- Tem a ver que se você não me desamarrar agora, irá descobrir da pior maneira possível o que eu sou.
- Você está blefando.
- Olhe para o céu.
- Não.
- Deixa de ser mimada e olha logo pro céu!
- Tá bom, não precisa gritar - a noite não ia ficar muito bonita não, estava nublado, só a claridade da lua iluminava tudo a sua volta, sem a ajuda de suas fiés estrelas, acho que vai chover, a gente precisava sair dali se não quisesse atolar o carro. Exatamente por isso, ponho a chave na ingnição e acelero o carro, saindo do meio do nada, a uma velocidade razoavel.
- O que você está fazendo?
- Tirando a gente daqui, não é óbvio?
- Você não intende, eu tenho que sair daqui antes...
- Antes do quê?
- O que viu no céu?
- Nada, só nuvens carregadas, sem nenhuma estrelas e a Lua começando aos poucos a aparecer. Antes do quê?
- Que Lua?
Olho pela janela novamente.
- Cheia, por quê?
- Tudo bem, quando aquela Lua ali em cima, sair totalmente do meio das nuvens e se mostrar, eu não vou mais falar por mim mesmo e realmente espero que com essa explicação você não venha me perguntar novamente "O que você é?" Então, será que dá pra me soltar?
- Você é um lobisomem?
- Aleluia! Aleluia! Só não bato palmas porque elas estão amarradas.
- Só acredito vendo!
- Tá falando sério?
- Aham.
- Por que eu não te matei quando tive a oportunidade?
- Uma pergunta que eu também gostaria de saber a resposta.
- Mas não vai até eu achar que deve. Quando você estava naquela gruta, não faz nem ideia de como sabiamos que você estava lá?
- Espera aí! Vocês eram aqueles lobos que estavam me estraçalhando?
- Eramos.
- Então por que estavam me estraçalhando?
- Você não acha que Ele não teria posto cameras pra ver se estava tudo correndo como o planejado, né?
- Sim, mas...
- Pois é, não tivemos escolha, te atacamos e depois quando você parecia morta, desligamos as cameras para pensarem que já haviamos acabado com o serviço. Mas, pelo visto, ele e eu não somos os únicos tentando matar você.
- E por que todo mundo quer me matar?
- Como já disse antes, você não sabe metade da força que tem. Estamos perdendo tempo, me solte de uma vez, eu não vou te machucar!
- Agora não, mas e quando você virar lobo? Você tem controle sobre si próprio quando está nesta forma?
- Mais ou menos, nas noites de Lua Cheia não muito, mas se você ficar dentro do carro quieta não vai ter problema.
- Como vou saber que você não está mentindo?
- Não vai.
- Então não solto.
- Você quer morrer tanto assim?
- Não.
- Me solta! Já! Agora! Não tenho mais tempo!!
Caramba!! Ele estava começando a se contorcer, o que eu faço?
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