quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CAPÍTULO 9

Acordei com o sol batendo em minha cara, já devia passar do meio-dia. Ao meu lado estava um Matteo nada sonolento dirijindo, será que ele dormiu e eu nem percebi? Merda! Eu podia ter me vingado dele...

- Vai ficar me encarando?

- Aonde estamos indo? - perguntei ainda encarando-o.

- Daqui mais dois dias você vai saber.

- Dois dias?!?!?!?!?!

- Me desculpe, mas nós não temos um jatinho particular pra ir rapidinho.

- Até onde?

- Já disse que você já vai descobrir.

- Nenhuma dica?

- Você fala italiano?

- Um pouco. Por quê? Nós vamos pra Itália?!?!?! 

- Pra que toda essa animação?

- É que Itália é um dos meus lugares favoritos e lá tem um monte de italianos boni... - parei, pois me lembrei que iria estar na companhia de Matteo e que ele mesmo era um italiano bonitão, minha vida é tão trágica - Esquece.

- Lá estaremos mais escondidos e será dificil alguém conseguir nos achar.

- Como que vai ser dificil? Seu primo tem a mesma erança sanguinia que você, casoainda não tenha percebido.

- Ele nunca iria pra lá novamente, nem acreditaria que eu estou indo. Será o último lugar que eles vão procurar.

- Por que a Itália é tão ruim assim pra vocês? Qual é o terrível segredo que os ... Qual é mesmo o seu sobrenome?

- Guarde sua curiosidade pra depois, quem sabe um dia eu ainda não te conto.

- Sobrenome?

- Mannaro.

- Hummm... Legal... Em qual cidade a gente vai? 

- Hummm... Legal... Em qual cidade a gente vai?

- Repito vai ficar curiosa até chegar lá.

- Se eu estou sendo sequestrada NOVAMENTE pela mesma pessoa que me esfaquiou eu pelo menos quero saber onde vou ir!

- Pois você não tem nenhum direito de pedir isso, pois fui eu quem te sequestrou e quem te esfaqueou.

Hum... Ele tinha um belo ponto...

- Você não vai continuar me irritando? O mundo acabou e eu não percebi?

- Gracinha! É que eu estou pensando em como vou matar você.

- Você quer me matar? Por quê?

- Sinico. 

- Vamos, anime-se, eu ainda não irei te matar e você poderá aproveitar um pouco da Itália!

- Oh!!! Que legal!!! Você vai ficar me vigiando lá também?

- Aham...

- Pronto. Acabou meu animo novamente.

- E se eu dissesse que eu não estou nem aí?

Fiz uma joinha com o polegar pra ele.

- Estou cansada, com fome, irritada, perdi sangue e estou com um pouco de dor de cabeça. Se você tem algum resquicio de amor a vida, por favor fique quieto.

- Tá de TPM por acaso?

- Ainda não, mas estou no mesmo humor. Quer testar?

- Como você disse, ainda tenho um resquicio de amor a vida.

- Ótimo. Tem alguma coisa pra comer? 

- Deve ter um biscoitinho aí dentro do porta luvas.

- É de que ano?

- O porta luvas?

- Não, o biscoito.

- Deve ser da semana retrasada.

Aff, o que não mata engorda. Dividi o biscoito em dois e dei uma parte pra ele.

- Agora to com sede. Olha um laranjinha ali na beirada da estrada - sim, tinha uma bolinha laranja com um guarda-sol verde no meio da estrada.

- Se eu comprar um suco pra você, você cala a boca?

- Sim.

- Se você tentar sair eu te mato de uma vez, entendeu?

Mostrei a língua pra ele como resposta. Esse sol na cara não estava me fazendo muito bem. 

Tudo parecia correr ótimamente bem. Garoto macabro estava lá fora comprando um suquinho do tiozinho até que, surpreendendo todo mundo, o tiozinho pula e dá um chute na barriga do Matteo, por experiência própria eu sei que só isso não bastaria para derrubá-lo, mas mesmo sabendo disso eu o vi cair no chão como se estivesse morrendo de dor, o que nunca poderia ser verdade, pois seus olhos diziam exatamente o contrário do que estava tentando mostrar.

Então foi por isso mesmo que eu nem me importei de sair do carro e ir ajudá-lo, pra falar a verdade, eu não sairia mesmo se ele estivesse sofrendo de verdade, só colocaria o carro pra correr. Assisti todo o seu showzinho, parecia que estava se divertindo quando se levantou e foi com a maior calma do mundo ao homem laranja florescente que agora estava vindo em minha direção.

Dei para os dois um sorrisinho sinico e com a maior cara de pau, mandei um beijinho para o florescente. Ele me olhou confuso e só nessa parada para a confusão foi o tempo que o Matteo teve para tirar a faca de seu cinto e enfiar entre as costelas do florescente...

Entrou no carro, ligou ele e jogou a faca no banco traseiro.

- Não vai limpa não?

- Pra quê?

- Nojento. Vai sujar o carro.

- Ahhh, verdade. 

Eu não devia ter aberto minha boca, pois aquele go-go-boy-macabro-nojento-ridiculo-sarca
stico-horrível-gostoso - o último adjetivo não conta, pensei isso na pressa e esse sol não está mesmo me fazendo bem - simplismente me puxou para seu colo e me beijou de surpresa, sim, eu disse a palavra BEIJOU e acho que não preciso descrever novamente meus sentimentos quanto à isso, mas quando percebi já era tarde de mais, estava sem um pedaço da minha blusa que ele rasgou para poder limpar sua faquinha.

- IDIOTA!!!!!

- Fala sério, eu sei que você gostou.

- Só uma palavra : IDIOTA! - e dei um soco em seu lindo rostinho com força e quando eu digo que foi com força, foi com muita mesmo. 
 
Também não devia ter feito isso, pois no próximo segundo eu estava de costas para ele com meus pulsos em seus braços.

- Nunca mais faça isso entendeu?

- Não posso prometer o que nunca irei cumprir - ele torceu um pouco mais meus braços.

- Entendeu?

- Nã.. - não consegui terminar, pois quando olhei o nosso reflexo no vidro do carro, seus olhos estavam amarelos, não era aquele castanho clarinho, eram amarelos mesmo - O que você é? 

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