sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Prólogo

Matteo

O momento em que a jogaram penhasco abaixo vai estar sempre em minha memória, sempre vou me lembrar de tudo acontecendo em câmera lenta, seus olhos vidrados nos meus antes de cair, mas não vou ficar minha vida inteira remoendo sobre isso, já que sou o próximo a ser jogado.

O efeito das drogas ainda está em meu corpo, não consigo oferecer uma resistência que preste. Começaram a me empurrar para a ponta do penhasco e amarram a pedra em mim, sinto um tremor forte abaixo dos meus pés, todos que estavam em pé caem, inclusive eu, só que ao invés da terra meu corpo encontra o vento ao redor .

Puxo o ar e prendo a respiração o mais rápido que posso enquanto me choco com a água gelada e cortante. Neste momento em que minha morte é quase inevitável penso nas vantagens que terei, como nunca mais sofrer a dor da transformação, que mesmo após todos esses anos – minha primeira transformação foi aos 15 – ainda faz parte dela, não é possível se acostumar com seus ossos trocando de lugar, se remodelando,sem sentir nada, outra coisa é não lidar com a morte de Veronica, admito que no começo só à estava protegendo por motivos científicos, mas com a convivência, apesar de não me dar o trabalho de demonstrar, ela foi se tornando mais que isso, com seu jeito irritantemente irritante.

Minha pedra para ao lado de um corpo imóvel parado na vertical, tão pálido que quase chegava a ser azulado, com cabelos vermelhos fogo e pés que ainda sangravam por causa das correntes de metal presas a eles.

Daqui a pouco seria eu com essa mesma aparência. Morto. Sem minha permissão, minha respiração se solta, esperei com os olhos fechados a água vir em minha boca e nariz para me afogar, esperei até que percebi que algo estava completamente estranho. Estava respirando. Debaixo d'água.

Abro meus olhos e dou de cara com Veronica, não mais presa pelas correntes e com olhos totalmente brancos me encarando.

Sinopse

Uma quase - morte;
Um segredo revelado;
Um romance talvez;



Lutas;
Sangue;
Águas;
Escuridão;
Emersão;

Veronica foi jogada penhasco abaixo. Será que isso a destruiu ou ela mais uma vez conseguiu escapar da morte?

Emergir

Bom, agora as postagens de Emergir vão começar. Se preparem, pois mtas revelações os esperam nessa continuação muahahahahaha'

sábado, 22 de janeiro de 2011

Continua em...

Capítulo 14

Entramos na perua que estava nos esperando do lado de fora da clinica seguimos em direção à morte.

É um tanto estranho pensar sobre a minha morte agora, depois de todo esse tempo longe das minhas tarefas de resistência, agora pensava que iria acontecer inesperadamente ou naturalmente, como em uma doença, ao invés disso estou sendo preparada para ela,para a surpresa do que vai acontecer.

Vários minutos se passaram e parecia que ainda estamos no meio do caminho,deveria ser bem afastado afinal, quem iria gostar de ver três pessoas sendo assassinadas?

Ninguém ousava quebrar o silêncio que havia se instalado no instante que pisamos dentro desse carro, nem mesmo eu, a rebelde da turma, mas não fico calada pelo medo é por simplesmente não saber o que dizer numa hora dessas.

Quando olho para os olhos Matteo vejo culpa e um pedido de desculpas que inda não estou disposta a lhe responder. Nos de Bruno vejo a raiva da traição e um pouco de pertubação. E é assim que fico até o término de nossa viagem, tentando desvendar o que eles pensam,sem muito sucesso.

As portas se abrem, estamos em algum lugar sem asfalto, com chão de terra lamacenta pela chuva de ontem. Descemos e somos agarrados a força enquanto enfiam o conteúdo de uma seringa em nossos braços, nos drogando para que não haja resistência. Como se pudéssemos resistir de alguma maneira, mas se tratando de quem eramos, até eu acharia melhor prevenir do que remediar.

Me sinto ser carregada até um ponto próximo ao, oh estávamos em um penhasco – sempre quis visitar um penhasco, mas não estou feliz com esta realização já que estou aqui por um motivo bem diferendo do que pensava, será que as drogas já começaram a fazer efeito? Me sinto tão leve e besta – um penhasco realmente grande que acabava num riozinho lá em baixo, muito embaixoooo.

Espere, estou ouvindo meu nome ser gritado lá atrás, é o Matteo, parece que as drogas não fizeram tanto efeito nele como fizeram em mim.

- Quem vai ser o primeiro? Acho que a dama mais perigosa de toda a existência, certo? Não quero perder a chance de vê-la caindo, caindo e ver a cara de sofrimento desses idiotas.

Sinto alguma coisa ser amarrada aos meus pés e me esforço ao máximo contra o efeito das drogas, preciso retomar a consciência, preciso ser forte nesse momento. Aos poucos a droga vai saindo de meus poros e consigo pensar claramente novamente, só que já é tarde demais, já estou a meio milimetro do fim do penhasco, com uma pedra de cimento presa aos meus pés com correntes. Me viro e a última coisa lúcida que vejo antes de ser lançada contra o vento, é a cara de angústia de Matteo gritando o meu nome.

Eles me jogaram do penhasco, posso ouvir Matteo dar sua última tentativa de se soltar, mas é impossível, ele não está em condições de lutar com alguém, fico imaginando o que vão fazer com ele e Bruno enquanto o vento ricocheteia meu cabelo e fico cada vez mais perto daquelas águas negras e profundas, a pedra amarrada aos meus pés deixa tudo mais rápido.

As águas me envolvem e o medo e a angustia não chegam, tudo que posso pensar e sentir é que estou finalmente livre. Vou passando rapidamente por peixinhos enquanto caio mais fundo, nem tento prender a respiração, só seria perda de tempo e sofrimento pra mim, quero que seja rápido.

Então, enfim a pedra se acomoda em um chão coberto de algas. Meus pulmões queimam pelo tanto de água absorvida, mas não ofereço resistência, pela primeira vez me deixo levar. Dessa vez, ninguém pode me salvar.

I'm going under

Drowning in you

I'm falling forever

I've got to break through

I'm going under

- Evanescence - Going Under


Capítulo 13

Quando acordo me encontro em algum tipo de clinica, as paredes são tão brancas que faz meus olhos doerem, tento me levantar mas percebo que estou presa em uma maca, com meus pés e mãos atados em sua volta. Ao meu lado está um Matteo desacordado e do outro está Bruno, isso mesmo, o leitor de mentes.

- O que está fazendo aqui? Por que não está com os outros?- pergunto sussurrando.

- Me drogaram, espancaram quando resisti e aqui estou para morrer – respondeu sussurrando igualmente baixo.

- Quem fez isso?

- Francesco e Peter, me traíram.

- Acho que só nós dois não traímos ninguém.

- E Matteo?

- Essa é uma longa história que nem eu sei se é verdade depois de tantas mentiras ditas, acho melhor também não falarmos nada importante aqui, podemos ser ouvidos.

- Então é fácil, simplesmente pense.

- Só faço isso porque realmente confio em você, já que foi o mais amigável comigo quando estava hospedada em sua casa – fiz o que ele mandou, só que quando estava no começo da história Ele entra na sala, a última pessoa que eu pensaria em ver agora, sempre bem vestido como sempre, apesar de ser uma roupa muito velha para seus vinte cinco anos. Sim, era aquele que matou minha melhor amiga e fez da minha vida um inferno.

- Surpresa em me ver? Vejo que já reencontrou seu amiguinho, pena que os dois estão para morrer. 

Atrás dele, parecendo seus capangas – acho que eram isso afinal – estavam Alexandre, Guilherme, Peter e Francesco.

- Como puderam? Como conseguiram enganar até mesmo Bruno que sabe ler mentes?

- Nós sempre vivemos juntos e com o tempo aprendemos a bloquear nossos pensamentos e o chefinho nos prometeu bastante coisa caso conseguíssemos fazer o que Matteo não seria capaz.

- Então vocês simplesmente botaram uma mascara de falsidade enganando todo mundo quando perceberam que Matteo não iria conseguir terminar o trabalho, ou seja me matar?

- Olha! Até que é esperta.

- Não diga! Mas lamento lhes dizer que vocês também não conseguiram me matar, afinal ainda estou viva.

- Falou bem, Ainda.

Engulo em seco, mas não vou me render, não agora depois de tudo.

- E vão fazer o que? Mandar uma bala na minha cabeça?

- Não, seria muito rápido e fácil.

- Vocês nos traíram mesmo, não é? Agora começo a encaixar as peças, você testando quanta força eu tinha nos “treinamentos” escondidos. Peter dando a ideia de qual boate deveríamos ir...

- Coitada, a ficha não caiu ainda?

- Quando cair tomara que pese cinquenta toneladas e caia bem encima de vocês.

- Acho que não iria querer que isso acontecesse, como vocês iriam sair depois? - o “chefinho” diz.

Eu daria um jeito, sempre dou.

- Que interessante ouvir isso já que você não conseguiu salvar sua amiguinha, ou conseguiu e eu estou enganado?

- Canalha – Matteo respondeu por mim, a quanto tempo ele já está acordado?

- Olha quem fala! - falei. 

- Agora o está defendendo, enquanto xingo ele por sua causa?

- Não, estou apenas declarando que os dois são canalhas.

- Desamarrem eles e depois os tragam algemados até a perua, antes que comecem a ter briguinhas de relacionamento.

- Sério? Uma perua? Pensei que fosse mais rico que isso.

- E sou,só não quero chamar atenção.

- Acha mesmo que uma perua velha e barulhenta não chamaria atenção?

- Apenas cale-se sabichona.

- E se eu não quiser.

- E se eu matar outro amiguinho seu por causa disso?

Não tive escolha, me calei, mas se ele pensa que vou cooperar com tudo isso está totalmente enganado. Claro que não vou ficar gritando “socorro” por aí, seria um tanto inútil e poderia causar a morte de alguém, vou apenas sentar e esperar a melhor hora de agir.

Essa hora, infelizmente, não chegou...

sábado, 15 de janeiro de 2011

Capítulo 12

Estou em Roma, nem acredito nisso e ainda melhor, fazendo compras. Quando chegamos já paramos em um hotel caindo aos pedaços e Matteo subiu ao nosso quarto na maior tranquilidade possível, nem parecia se importar de só estar vestindo uma manta, a atendente também, ao que parece era normal ela ver pessoas no mesmo estado que o nosso. Nem me pergunte como vamos pagar essas coisas, pelo visto trabalhar de go go boy tem suas vantagens, pois eu não tenho nenhum tostão nos bolsos, mas agora tenho o cartão de crédito dele.

Mas como eu não sou tão malvada assim, comprei somente o básico, pra mim uma regata branca – já que aqui em roma está um calor dos infernos – calça jeans e um all star, pra ele a mesma coisa só mudando a cor da camiseta pra azul.

Quando viro a esquina que dá para o nosso hotel vou correndo para trás de uma latona de lixo que estava ali perto.

- Merda.

Eram dois daqueles garotos que estavam na boate, aqueles que me queriam morta. Parecem querer entrar. Não posso deixar que me vejam, pois pensam que estou morta, que Matteo me matou, quando ao invés disso ele me salvou, de um jeito bem agressivo e antipático, mas mesmo assim esse tempo todo ele só estava querendo me salvar. Quando essa verdade cai sobre mim, parece que uma tonelada de ferro me atinge no peito. Agora é a minha vez de ajudá-lo, mas como?

Dou a volta e quando eles não estão olhando corro para trás do prédio, torcendo ara que não tenham me visto, espero um minuto e quando não escuto passos virem até mim começo a escalar o prédio até nosso quarto, que graças a Deus é no segundo andar.

- Por que você simplesmente não usa a porta como todo mundo normal?

- Porque eu não sou como todo mundo e porque aqueles caras que você conversou na noite que me esfaqueou estão aí na frente. 

- Eles demoraram.

- Como assim demoraram? Você estava esperando eles?

- Fui eu quem os chamou, esperava que você estivesse na rua quando eles viessem.

- Por que?

- Para eles saberem que você não está aqui comigo.

- Ou seja, que estou morta.

- É isso aí, você entendeu, mas agora não dá mais tempo, eles já devem estar subindo, se esconda no armário!

- O que?!

- Vai logo, ou você prefere morrer?

- Nenhum, eu só quero um pouco de paz.

- E você vai poder ter isso, dentro do armário – e começou a me empurrar para um móvel de madeira cheio de poeira que eu nunca chamaria de armário.

- Eu mereço – falei entrando dentro do móvel, que era muito pequeno para que eu pudesse ficar confortável sentada nele. Tomara que eu não tenha uma crise de espirros, o que seria bem provável numa situação dessas.

Por sorte havia um pequeno buraco pelo qual dava uma boa visão do que aconteceria a seguir.

Eles entraram chutando a porta e jogando Matteo contra a parede. O que eles eram? Tá certo que o Matteo não era um bombadão cheio de músculos, mas ele era forte o bastante para conseguir enfrentar aqueles garotinhos que pareciam não ter passado ainda da adolescência.

- Onde ela está?

- Em algum lugar na estrada, debaixo da terra. Eu já não havia falado isso antes, não sei se lembram mas foi EU que chamei vocês aqui para comprovarem.

- Mas temos outros informantes e eles disseram que a viram com você aqui.

- Pois acho que esses informantes devem estar errados já que é mentira.

- Eu realmente não acho que seja mentira. Nós te conhecemos melhor do que ninguém Matteo, sabemos que você se apega fácil as pessoas e depois não consegue completar o serviço.

- Eu mudei. 

- Duvido. Guilherme vasculhe tudo, não deixe nada para trás.

- Ok, mas a única coisa que vocês vão achar estarão Mortas – será que essa última parte foi dirigida a mim, pra me fingir de morta? Bom, não é uma má ideia.

Pelo que posso ver, Guilherme está vindo para o armário, jogo um pano empoeirado em mim e me deito em uma posição desconfortável enquanto começa a entrar luz no armário. Está faltando alguma coisa, é claro, respiração, prendo ela enquanto Guilherme chama seu parceiro para ver o que ele descobriu por baixo de um pano. Só posso pedir que sejam rápidos antes que eu comece a ficar roxa e tenha que soltar a respiração.

- Veja o que encontramos Matteo! Uma garota ruiva bonita no seu armário com sacolas de compra na mão e que aparenta estar morta, mas eu não caio mais nessa. Pare de fingir Verônica, sabemos que está viva – eu não me mecho, até mesmo quando ele começa a me balançar – Você já está ficando roxa, é melhor soltar logo sua respiração antes que morra sufocada, temos outros planos pra você.

Como não consigo mais fingir, me levanto e jogo a sacola de roupas para Matteo.

- Se vista. E quais seriam esses planos? - enquanto pergunto vou me dirigindo para mais perto de Matteo que está tentando colocar as roupas que comprei por baixo do cobertor.

- Vocês dois não iriam gostar nadinha deles, mas nós adoraríamos descrevê-lo.

- E eu adoraria escutar.

- Primeiro iríamos te levar ao nosso chefe, onde você poderá descobrir muitas coisas e depois pediremos a ele se podemos te matar do nosso jeito.

- Que seria?

- Surpresa.

- Afinal, por que desejam tanto me matar? Eu sou só uma garota com uma grande resistência.

- Você não sabe do que é capaz, não é Matteo? 

Olhei para Matteo acusatoriamente.

- Você sabe alguma coisa sobre mim e não me contou?

Ele apenas olhou com raiva para os dois.

- Matteo?Me responda caramba!!!

- Nós sabemos apenas que você é muito forte e resistente, o resto estávamos tentando descobrir quando me mandaram te matar, dizendo que era muito perigosa para continuar viva.

- Nós quem? E para você eu sou apenas algum tipo de pesquisa? Só isso? Como eu pude sequer pensar em você como um amigo? Me diga!!

- Já irá descobrir quem somos – Guilherme disse.

- Você não entenderia – Matteo disse, ignorando Guilherme.

- Tente.

- Não posso.

- Isso é tudo que você vai me responder? Não posso?!?!

- Cale-se! Estamos perdendo tempo! - Alexandre gritou me dando um tapa na cara.

- Não toque nela! - Matteo também gritou e tentou vir pra cima do meu agressor, mas Guilherme o impediu, entretanto, não havia ninguém para me impedir. Dei um soco bem dado na carinha horrível de Alexandre, quebrando seu nariz. Apesar disso, minha satisfação durou pouco, senti alguma coisa perfurar meu braço e depois o outro, me viro a tempo de ver Guilherme com aquela arma de dardos tranquilizantes antes de desmaiar e cair na escuridão. 

Final do Capítulo 11

Vamos pensar pelo lado bom, eu vou enfim reencontrar a Rafa para botar o papo em dia. A quem estou querendo enganar? O medo está corroendo minhas veias, paralisando cada vez mais todos os meus músculos, justo agora que eu estava com uma leve vantagem sobre o Italianão, ele vem e me surpreende mais uma vez, acho que está deve ser a última pelo menos.

Boatos a parte, sempre dizem que um lobisomem pode perseguir aquele por quem está fixado ou que lhe fez algum mal antes da transformação. Dois pontos mórbidos pra mim, uhuull.

Bom, tenho que fazer alguma coisa, não sou como essas pessoas que se deixam levar sem pelo menos ter uma boa luta, posso ser um pouco dramática e essas coisas, mas isso para por aí. Pelo que eu sei, lobos tem uma audição muito boa, será que se eu jogar uma pedra ele vai persegui-la como um cão doméstico? Bom, não custa tentar, antes a pedra do que eu.

Cálculos muito mau calculados, enquanto me abaixo para pegar a pedrinha ele me segue com o olhar e se põe na posição de dar um bote. Então o mais rápido que posso deito no chão e pego, não uma pedra, mas um graveto bem grosso com a ponta um poco afiada, parecendo uma estaca, bem a tempo de sentir um halito quente em cima do meu rosto.

O lobo havia pulado em cima de mim e seus dentes pontudos e babados estavam a milímetros do meu pescoço. 

Sem nem conseguir pensar direito, enfiei o graveto em seu corpo, só depois fui perceber o que havia feito, mas aí já era tarde demais, o estrago já havia sido feito.

Diante dos meus olhos, eu vi sua forma mudar de um lobo branco raivoso para um homem de descendência italiana lindo e sangrando, sangrando muito. A perfuração não deve ter sido muito profunda, pois eu não estava com muita força na hora, mas mesmo assim, parecia ser muito grave. Percebi que quando seu corpo caiu ao meu lado, sujando a terra de sangue, que ele estava sem camisa, fui descendo meu olhar e.. okay, okay, informação demais aqui, tomara que ele tenha tido a ideia de trazer algumas roupas consigo, porque essas já eram. Mas agora não é hora de perder tempo com essas coisas, mesmo que meu rosto estaja mais avermelhado que meu cabelo, preciso cuidar dele, mesmo que isso seja estranho já que eu sou a sequestrada aqui, mas acho que estou começando a gostar da companhia desse ser sarcástico e mal-humorado, sim estou ficando louca.

Rasgo outro pedaço da minha camiseta, que já estava aos fiapos e coloco em cima de seu ferimento, fazendo pressão para parar de sangrar, enquanto tento acordá-lo.

- Vamos lá Italianão, seja forte, acorde – e fui dando leves tapinhas em seu rosto – Vamos, acorde, ACORDE! - dessa última vez eu dei um tapão e quando ele não respondeu comecei a ficar ainda mais preocupada, percebi também que seu peito não subia e descia e ele não estava respirando, entrei em pânico, mas isso durou pouco já que no segundo seguinte ele se sentou com tudo e caio deitado de novo – O que foi isso agora? - mas para meu alívio sua respiração já havia voltado ao normal e sua perfuração já estava se curando em um ritmo acelerado. Claro, ele é um lobisomem, tem cura acelerada, devia ter pensado nisso antes de ter entrado em pânico.

Fui para o carro e procurei por um cobertor ou alguma outra coisa parecida. Encontrei uma manta velha e gasta o porta-malas, carreguei-a até Matteo e o cobri para que não ficasse com frio, é estranho eu fazer isso, mas ele é o mais próximo de um amigo que eu não tive há muito tempo.

Quando cheguei ele já estava um pouco acordado, só que ainda muito sonolento.

- O que aconteceu?

- Você não se lembra de nada?

- Não, por que?

- Depois que você estiver melhor, digamos daqui a dez minutos, eu te conto.

Dez minutos depois e Matteo já estava inteiro novamente, contei a ele o que havia acontecido e já estava pronta pra receber um monte de xingamentos, mas ele simplesmente disse:

- Da próxima vez só me jogue pra fora e me deixe rolar pra longe.

- Espera aí, próxima vez?

- Claro, ou você acha que a Lua Cheia só aparece uma vez no ano?

- Em minha defesa eu nem havia pensado nisso direito. 

- Pois trate de se preparar, pois a próxima Lua é no dia vinte sete do mês que vem.

- Um mês mais ou menos, então?

- Exatamente.

- Tá bom, só que agora temos outro pequeno probleminha.

- Qual?

- Você trouxe roupas extras no carro?

- É claro que não, não sei se você percebeu mas não era minha primeira ideia fugir com você do nada. Por que? Sua roupa está um pouco rasgada mas ainda dá pra usar.

- A minha sim, mas e a sua?

- Ah...

- Agora vamos para o carro e fique bem enrolado nesta manta porque eu não quero ficar traumatizada.

- Acho que vai ser difícil dirigir assim.

- Quem disse que você vai dirigir? Eu vou e iremos rezar para que não encontremos nenhum guarda que veria um peladão no banco da frente como um problema.

Começamos a nos mover para a Itália, ele ainda estava fazendo draminha sobre em que cidade iriamos ir, mas estava colaborando e dando as direções certas, ou assim eu esperava.

Viajamos quilômetros e quilômetros ouvindo Highway to Hell do AC/DC, que ironico. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

CAPÍTULO 11 - Parte 1

Sim, certo, entro com o carro no acostamento e tento cortar as cordas. Mas ele está se mechendo muito, tenho medo de cortá-lo.

- Rápido!!

Calma caramba, sou uma só.

Corto as cordas que estão ao seu redor do melhor jeito possível e...

- O que eu faço agora?

Mas ele não consegue me responder, só continua a gritar e a se contorcer. Consigo ouvir seus ossos se quebrando pra tomar uma nova forma, seus gritos de dor, de agonia. Percebo que o carro está se tornando muito pequeno para nós dois, tenho que tirar-lo daqui. Saio do carro e abro a porta do passageiro, com todas as forças que tenho o ajudo a sair de lá, mesmo que quando sai pela porta e cai no chão e me força a ir junto. Meu braço fica preso embaixo de suas costas, acho que está torcido. É tão estranho sentir sua pele, seus ossos se mexendo na minha mão, me dá até enjoo. Seu corpo está quente, mas o suor que escorre em sua pele é frio. Sua cabeça vira em um angulo estranho para me olhar, seus olhos, antes verdes, agora estão amarelos e seu nariz já está mais afunilado pra frente, tomando a forma de lobo.

Preciso sair daqui. Meu braço ainda está prensado embaixo dele, mas mesmo assim puxo com força raspando pela terra suja e fazendo ainda mais ferimentos. Seus gritos agora estão mais agudos e estridentes, vejo pelos macios começarem a nascer de sua pele pálida. Levanto rapidamente e começo a correr pra dentro do veículo, que agora está a uma distância um pouco longe, já que rolamos um pouco nesse tempo. Não consigo ouvir mais nada. Seus gritos pararam. Está um silêncio infernal agora, parece que até o ar parou. Nada bom. Nada bom mesmo.

Tento ouvir algum sinal de Matteo, nada. Espere, um rosnado, outro rosnado, atrás de mim. Viro e me deparo com um lobo branco como neve, ele seria muito lindo se seus dentes estivessem dentro da boca e não estivesse babando de raia como está agora, acho que isso é um mal sinal, só um sentimento.

Como eu saio dessa viva? Sempre falam que é pra ficar parado quando se está em um momento como este, já que o lobo vai ligar seu instinto predador e seguir a vítima, só que eu acho que eles nunca estiveram numa situação como esta, já que é mais fácil falar do que fazer. Eu sou rápida, posso ter alguma vantagem sobre ele nesta questão, mas se quando já está humano o Matteo consegue me alcançar, imagine na velocidade de lobo? Tô perdida, acho que já vou começar a rezar pra ver se consigo perdão dos meus pecados e ir para o céu.