sábado, 22 de janeiro de 2011

Capítulo 14

Entramos na perua que estava nos esperando do lado de fora da clinica seguimos em direção à morte.

É um tanto estranho pensar sobre a minha morte agora, depois de todo esse tempo longe das minhas tarefas de resistência, agora pensava que iria acontecer inesperadamente ou naturalmente, como em uma doença, ao invés disso estou sendo preparada para ela,para a surpresa do que vai acontecer.

Vários minutos se passaram e parecia que ainda estamos no meio do caminho,deveria ser bem afastado afinal, quem iria gostar de ver três pessoas sendo assassinadas?

Ninguém ousava quebrar o silêncio que havia se instalado no instante que pisamos dentro desse carro, nem mesmo eu, a rebelde da turma, mas não fico calada pelo medo é por simplesmente não saber o que dizer numa hora dessas.

Quando olho para os olhos Matteo vejo culpa e um pedido de desculpas que inda não estou disposta a lhe responder. Nos de Bruno vejo a raiva da traição e um pouco de pertubação. E é assim que fico até o término de nossa viagem, tentando desvendar o que eles pensam,sem muito sucesso.

As portas se abrem, estamos em algum lugar sem asfalto, com chão de terra lamacenta pela chuva de ontem. Descemos e somos agarrados a força enquanto enfiam o conteúdo de uma seringa em nossos braços, nos drogando para que não haja resistência. Como se pudéssemos resistir de alguma maneira, mas se tratando de quem eramos, até eu acharia melhor prevenir do que remediar.

Me sinto ser carregada até um ponto próximo ao, oh estávamos em um penhasco – sempre quis visitar um penhasco, mas não estou feliz com esta realização já que estou aqui por um motivo bem diferendo do que pensava, será que as drogas já começaram a fazer efeito? Me sinto tão leve e besta – um penhasco realmente grande que acabava num riozinho lá em baixo, muito embaixoooo.

Espere, estou ouvindo meu nome ser gritado lá atrás, é o Matteo, parece que as drogas não fizeram tanto efeito nele como fizeram em mim.

- Quem vai ser o primeiro? Acho que a dama mais perigosa de toda a existência, certo? Não quero perder a chance de vê-la caindo, caindo e ver a cara de sofrimento desses idiotas.

Sinto alguma coisa ser amarrada aos meus pés e me esforço ao máximo contra o efeito das drogas, preciso retomar a consciência, preciso ser forte nesse momento. Aos poucos a droga vai saindo de meus poros e consigo pensar claramente novamente, só que já é tarde demais, já estou a meio milimetro do fim do penhasco, com uma pedra de cimento presa aos meus pés com correntes. Me viro e a última coisa lúcida que vejo antes de ser lançada contra o vento, é a cara de angústia de Matteo gritando o meu nome.

Eles me jogaram do penhasco, posso ouvir Matteo dar sua última tentativa de se soltar, mas é impossível, ele não está em condições de lutar com alguém, fico imaginando o que vão fazer com ele e Bruno enquanto o vento ricocheteia meu cabelo e fico cada vez mais perto daquelas águas negras e profundas, a pedra amarrada aos meus pés deixa tudo mais rápido.

As águas me envolvem e o medo e a angustia não chegam, tudo que posso pensar e sentir é que estou finalmente livre. Vou passando rapidamente por peixinhos enquanto caio mais fundo, nem tento prender a respiração, só seria perda de tempo e sofrimento pra mim, quero que seja rápido.

Então, enfim a pedra se acomoda em um chão coberto de algas. Meus pulmões queimam pelo tanto de água absorvida, mas não ofereço resistência, pela primeira vez me deixo levar. Dessa vez, ninguém pode me salvar.

I'm going under

Drowning in you

I'm falling forever

I've got to break through

I'm going under

- Evanescence - Going Under


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