sábado, 15 de janeiro de 2011

Final do Capítulo 11

Vamos pensar pelo lado bom, eu vou enfim reencontrar a Rafa para botar o papo em dia. A quem estou querendo enganar? O medo está corroendo minhas veias, paralisando cada vez mais todos os meus músculos, justo agora que eu estava com uma leve vantagem sobre o Italianão, ele vem e me surpreende mais uma vez, acho que está deve ser a última pelo menos.

Boatos a parte, sempre dizem que um lobisomem pode perseguir aquele por quem está fixado ou que lhe fez algum mal antes da transformação. Dois pontos mórbidos pra mim, uhuull.

Bom, tenho que fazer alguma coisa, não sou como essas pessoas que se deixam levar sem pelo menos ter uma boa luta, posso ser um pouco dramática e essas coisas, mas isso para por aí. Pelo que eu sei, lobos tem uma audição muito boa, será que se eu jogar uma pedra ele vai persegui-la como um cão doméstico? Bom, não custa tentar, antes a pedra do que eu.

Cálculos muito mau calculados, enquanto me abaixo para pegar a pedrinha ele me segue com o olhar e se põe na posição de dar um bote. Então o mais rápido que posso deito no chão e pego, não uma pedra, mas um graveto bem grosso com a ponta um poco afiada, parecendo uma estaca, bem a tempo de sentir um halito quente em cima do meu rosto.

O lobo havia pulado em cima de mim e seus dentes pontudos e babados estavam a milímetros do meu pescoço. 

Sem nem conseguir pensar direito, enfiei o graveto em seu corpo, só depois fui perceber o que havia feito, mas aí já era tarde demais, o estrago já havia sido feito.

Diante dos meus olhos, eu vi sua forma mudar de um lobo branco raivoso para um homem de descendência italiana lindo e sangrando, sangrando muito. A perfuração não deve ter sido muito profunda, pois eu não estava com muita força na hora, mas mesmo assim, parecia ser muito grave. Percebi que quando seu corpo caiu ao meu lado, sujando a terra de sangue, que ele estava sem camisa, fui descendo meu olhar e.. okay, okay, informação demais aqui, tomara que ele tenha tido a ideia de trazer algumas roupas consigo, porque essas já eram. Mas agora não é hora de perder tempo com essas coisas, mesmo que meu rosto estaja mais avermelhado que meu cabelo, preciso cuidar dele, mesmo que isso seja estranho já que eu sou a sequestrada aqui, mas acho que estou começando a gostar da companhia desse ser sarcástico e mal-humorado, sim estou ficando louca.

Rasgo outro pedaço da minha camiseta, que já estava aos fiapos e coloco em cima de seu ferimento, fazendo pressão para parar de sangrar, enquanto tento acordá-lo.

- Vamos lá Italianão, seja forte, acorde – e fui dando leves tapinhas em seu rosto – Vamos, acorde, ACORDE! - dessa última vez eu dei um tapão e quando ele não respondeu comecei a ficar ainda mais preocupada, percebi também que seu peito não subia e descia e ele não estava respirando, entrei em pânico, mas isso durou pouco já que no segundo seguinte ele se sentou com tudo e caio deitado de novo – O que foi isso agora? - mas para meu alívio sua respiração já havia voltado ao normal e sua perfuração já estava se curando em um ritmo acelerado. Claro, ele é um lobisomem, tem cura acelerada, devia ter pensado nisso antes de ter entrado em pânico.

Fui para o carro e procurei por um cobertor ou alguma outra coisa parecida. Encontrei uma manta velha e gasta o porta-malas, carreguei-a até Matteo e o cobri para que não ficasse com frio, é estranho eu fazer isso, mas ele é o mais próximo de um amigo que eu não tive há muito tempo.

Quando cheguei ele já estava um pouco acordado, só que ainda muito sonolento.

- O que aconteceu?

- Você não se lembra de nada?

- Não, por que?

- Depois que você estiver melhor, digamos daqui a dez minutos, eu te conto.

Dez minutos depois e Matteo já estava inteiro novamente, contei a ele o que havia acontecido e já estava pronta pra receber um monte de xingamentos, mas ele simplesmente disse:

- Da próxima vez só me jogue pra fora e me deixe rolar pra longe.

- Espera aí, próxima vez?

- Claro, ou você acha que a Lua Cheia só aparece uma vez no ano?

- Em minha defesa eu nem havia pensado nisso direito. 

- Pois trate de se preparar, pois a próxima Lua é no dia vinte sete do mês que vem.

- Um mês mais ou menos, então?

- Exatamente.

- Tá bom, só que agora temos outro pequeno probleminha.

- Qual?

- Você trouxe roupas extras no carro?

- É claro que não, não sei se você percebeu mas não era minha primeira ideia fugir com você do nada. Por que? Sua roupa está um pouco rasgada mas ainda dá pra usar.

- A minha sim, mas e a sua?

- Ah...

- Agora vamos para o carro e fique bem enrolado nesta manta porque eu não quero ficar traumatizada.

- Acho que vai ser difícil dirigir assim.

- Quem disse que você vai dirigir? Eu vou e iremos rezar para que não encontremos nenhum guarda que veria um peladão no banco da frente como um problema.

Começamos a nos mover para a Itália, ele ainda estava fazendo draminha sobre em que cidade iriamos ir, mas estava colaborando e dando as direções certas, ou assim eu esperava.

Viajamos quilômetros e quilômetros ouvindo Highway to Hell do AC/DC, que ironico. 

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