sábado, 15 de janeiro de 2011

Capítulo 12

Estou em Roma, nem acredito nisso e ainda melhor, fazendo compras. Quando chegamos já paramos em um hotel caindo aos pedaços e Matteo subiu ao nosso quarto na maior tranquilidade possível, nem parecia se importar de só estar vestindo uma manta, a atendente também, ao que parece era normal ela ver pessoas no mesmo estado que o nosso. Nem me pergunte como vamos pagar essas coisas, pelo visto trabalhar de go go boy tem suas vantagens, pois eu não tenho nenhum tostão nos bolsos, mas agora tenho o cartão de crédito dele.

Mas como eu não sou tão malvada assim, comprei somente o básico, pra mim uma regata branca – já que aqui em roma está um calor dos infernos – calça jeans e um all star, pra ele a mesma coisa só mudando a cor da camiseta pra azul.

Quando viro a esquina que dá para o nosso hotel vou correndo para trás de uma latona de lixo que estava ali perto.

- Merda.

Eram dois daqueles garotos que estavam na boate, aqueles que me queriam morta. Parecem querer entrar. Não posso deixar que me vejam, pois pensam que estou morta, que Matteo me matou, quando ao invés disso ele me salvou, de um jeito bem agressivo e antipático, mas mesmo assim esse tempo todo ele só estava querendo me salvar. Quando essa verdade cai sobre mim, parece que uma tonelada de ferro me atinge no peito. Agora é a minha vez de ajudá-lo, mas como?

Dou a volta e quando eles não estão olhando corro para trás do prédio, torcendo ara que não tenham me visto, espero um minuto e quando não escuto passos virem até mim começo a escalar o prédio até nosso quarto, que graças a Deus é no segundo andar.

- Por que você simplesmente não usa a porta como todo mundo normal?

- Porque eu não sou como todo mundo e porque aqueles caras que você conversou na noite que me esfaqueou estão aí na frente. 

- Eles demoraram.

- Como assim demoraram? Você estava esperando eles?

- Fui eu quem os chamou, esperava que você estivesse na rua quando eles viessem.

- Por que?

- Para eles saberem que você não está aqui comigo.

- Ou seja, que estou morta.

- É isso aí, você entendeu, mas agora não dá mais tempo, eles já devem estar subindo, se esconda no armário!

- O que?!

- Vai logo, ou você prefere morrer?

- Nenhum, eu só quero um pouco de paz.

- E você vai poder ter isso, dentro do armário – e começou a me empurrar para um móvel de madeira cheio de poeira que eu nunca chamaria de armário.

- Eu mereço – falei entrando dentro do móvel, que era muito pequeno para que eu pudesse ficar confortável sentada nele. Tomara que eu não tenha uma crise de espirros, o que seria bem provável numa situação dessas.

Por sorte havia um pequeno buraco pelo qual dava uma boa visão do que aconteceria a seguir.

Eles entraram chutando a porta e jogando Matteo contra a parede. O que eles eram? Tá certo que o Matteo não era um bombadão cheio de músculos, mas ele era forte o bastante para conseguir enfrentar aqueles garotinhos que pareciam não ter passado ainda da adolescência.

- Onde ela está?

- Em algum lugar na estrada, debaixo da terra. Eu já não havia falado isso antes, não sei se lembram mas foi EU que chamei vocês aqui para comprovarem.

- Mas temos outros informantes e eles disseram que a viram com você aqui.

- Pois acho que esses informantes devem estar errados já que é mentira.

- Eu realmente não acho que seja mentira. Nós te conhecemos melhor do que ninguém Matteo, sabemos que você se apega fácil as pessoas e depois não consegue completar o serviço.

- Eu mudei. 

- Duvido. Guilherme vasculhe tudo, não deixe nada para trás.

- Ok, mas a única coisa que vocês vão achar estarão Mortas – será que essa última parte foi dirigida a mim, pra me fingir de morta? Bom, não é uma má ideia.

Pelo que posso ver, Guilherme está vindo para o armário, jogo um pano empoeirado em mim e me deito em uma posição desconfortável enquanto começa a entrar luz no armário. Está faltando alguma coisa, é claro, respiração, prendo ela enquanto Guilherme chama seu parceiro para ver o que ele descobriu por baixo de um pano. Só posso pedir que sejam rápidos antes que eu comece a ficar roxa e tenha que soltar a respiração.

- Veja o que encontramos Matteo! Uma garota ruiva bonita no seu armário com sacolas de compra na mão e que aparenta estar morta, mas eu não caio mais nessa. Pare de fingir Verônica, sabemos que está viva – eu não me mecho, até mesmo quando ele começa a me balançar – Você já está ficando roxa, é melhor soltar logo sua respiração antes que morra sufocada, temos outros planos pra você.

Como não consigo mais fingir, me levanto e jogo a sacola de roupas para Matteo.

- Se vista. E quais seriam esses planos? - enquanto pergunto vou me dirigindo para mais perto de Matteo que está tentando colocar as roupas que comprei por baixo do cobertor.

- Vocês dois não iriam gostar nadinha deles, mas nós adoraríamos descrevê-lo.

- E eu adoraria escutar.

- Primeiro iríamos te levar ao nosso chefe, onde você poderá descobrir muitas coisas e depois pediremos a ele se podemos te matar do nosso jeito.

- Que seria?

- Surpresa.

- Afinal, por que desejam tanto me matar? Eu sou só uma garota com uma grande resistência.

- Você não sabe do que é capaz, não é Matteo? 

Olhei para Matteo acusatoriamente.

- Você sabe alguma coisa sobre mim e não me contou?

Ele apenas olhou com raiva para os dois.

- Matteo?Me responda caramba!!!

- Nós sabemos apenas que você é muito forte e resistente, o resto estávamos tentando descobrir quando me mandaram te matar, dizendo que era muito perigosa para continuar viva.

- Nós quem? E para você eu sou apenas algum tipo de pesquisa? Só isso? Como eu pude sequer pensar em você como um amigo? Me diga!!

- Já irá descobrir quem somos – Guilherme disse.

- Você não entenderia – Matteo disse, ignorando Guilherme.

- Tente.

- Não posso.

- Isso é tudo que você vai me responder? Não posso?!?!

- Cale-se! Estamos perdendo tempo! - Alexandre gritou me dando um tapa na cara.

- Não toque nela! - Matteo também gritou e tentou vir pra cima do meu agressor, mas Guilherme o impediu, entretanto, não havia ninguém para me impedir. Dei um soco bem dado na carinha horrível de Alexandre, quebrando seu nariz. Apesar disso, minha satisfação durou pouco, senti alguma coisa perfurar meu braço e depois o outro, me viro a tempo de ver Guilherme com aquela arma de dardos tranquilizantes antes de desmaiar e cair na escuridão. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário