terça-feira, 5 de abril de 2011

Segunda parte do Capítulo 1

- Vai me matar?

- Muito pior que isto – falei chegando mais perto do tal Bruno – você não perde por esperar – peguei a mão dele e pulei novamente para dentro d'água. Enquanto caia só escutei um rugido de reclamação de Matteo que ainda estava escalando e um “De novo não” da parte dele. 

- Quando finalmente chagamos ao meu lar, criei uma bolha de ar nos dois para não se afogarem, novamente.

- O que você pensa que está fazendo nos levando aqui em baixo novamente? - Matteo me pergunta, Bruno apenas fica olhando com cara de bobo pra mim.

- O que você acha? Aqui é aonde tenho mais poder, seu meio humano idiota. Lá em cima eu não passava de uma simples mulher humana gravemente fraca e sem condições de lutar. Eu posso, por alguma razão, ter muita raiva daquele homem, mas não sou tão idiota a ponto de arriscar minha vida sabendo que irei perder.

- Como sabe que não sou humano?

- É difícil de explicar, mas quando eu estava lá em cima, com meus pés sendo sustentados pela terra árida, em minha mente começaram a passar imagens de uma vida que não me lembro, mas quanto mais eu me lembrava mais fraca ficava, por isso que resolvi trazê-los para cá.

- Mas o que você tem que fazer é exatamente o contrário! Você precisa se lembrar de quem era antes de “morrer” - fez aspas com os dedos, causando bolhinhas d'água – não pode ficar assim, insensível, fria, maldosa, não que antes não fosse, mas eu prefiro aquela Verônica estupida à você.

- E quem disse que eu me importo com sua opinião? Para mim você nada mais é do que uma peça num jogo qualquer. Não acha que se fosse tão importante pra mim como diz que sou pra você, não teria me lembrado? Sabe o que você é pra mim e pra essa tal de Verônica que você tanto custa em me chamar? Nada. Agora fique calado antes que eu mate você e seu amigo.

No mesmo instante só se podia ouvir o barulho da água correndo entre nós.

- Muito bem, pelo visto entenderam. Só tenho que achar o que fazer agora.

- O quê? - Matteo pergunta confuso.

- Eu disse calado! - para causar mais efeito tirei por um minuto a bolha de ar que estava em volta de sua cabeça – Entendido?

- Sim, vossa majestade – em seus olhos eu só via raiva pura enquanto tentava puxar mais ar para seus pulmões. Melhor assim, afinal quem precisa de um cervo atrapalhando seu caminho e te atrasando?