segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Primeira parte do Capítulo 1

Meus olhos se abriram para encontrar um novo mundo, a água em minha volta não estava mais me afogando com sua potência, ela agora estava fazendo parte de mim, era como se eu tivesse reencontrado uma parte de mim que à muito tempo esteve perdida. O mar e suas criaturas estavam sob meu comando. Minha verdadeira pele se mostrou, em um tom branco azulado e de textura escamosa.

Fazendo um pouco de pressão, ás corrente presas aos meus pés se soltaram. Me viro e deparo com um homem. Ele era lindo, mas por que está em meus domínios? Estava de olhos fechados, se afogando, também preso com correntes, só que, infelizmente, ele não era como eu, daqui a pouco iria morrer e simplesmente ser esquecido. Será que devo salvá-lo ou ir embora e deixá-lo? Mas ele pode saber responder algumas das minhas perguntas.

Pela provável informação o deixo viver.

Quando se abrem, seus olhos me encaram com horror e medo.

- Verônica? O-o que você é? Como fez isso? Por que não está morta?

- Muitas perguntas para alguém que só está vivo por minha vontade. Queria-me morta
então? Ora, talvez tivesse sido melhor deixá-lo se afogar!

- Não, não. Fico feliz que ainda esteja viva, acho. Mas até parece que isto seja tudo uma ilusão pré morte.

- Quer que o belisque?

- Bem, já está voltando ao normal.

- Me conhece?

- Não se lembra de mim? Do seu charmoso go go boy? 

- Não, deveria?

- Claro! Você é apaixonada por mim – olhei descrente pra ele – Ok, talvez tenha exagerado um pouco, você me odeia. Será que depois desse esclarecimento podemos sair daqui, resgatar Bruno e botar todo mundo pra correr?

- Não.

- Como?

- Não, as águas são minha casa, elas me obedecem como ninguém mais faz, estou feliz aqui. Você também vai ficar, vai responder tudo que eu perguntar até que esteja satisfeita.

- Não, eu prometo que faço tudo que você quiser se for comigo, Bruno era seu amigo, você não seria tão fria ao ponto de deixá-lo morrer.

- Tudo? Qualquer coisa? - pergunto, feliz com a oferta, afinal, não é legal torturar pessoas sem algum motivo importante.

- Sim.

- Trato feito. Mas você se engana, não sou quem pensas que sou, posso ser tão fria quanto uma pedra. Quer uma dica? Não me substime.

Com isso, fui subindo até a margem da água sem esperar que ele acompanhasse meu ritmo. O penhasco é enorme, nós vamos ter uma bela escalada, mas nada que não valha a pena a promessa dele.

- O que está fazendo? - Matteo me pergunta enquanto começo a escalar a montanha.

- Tentando salvar seu amigo, conhece outro jeito de chegar lá em cima?

- Mas não vai dar tempo, é muito grande.

- Veja e aprenda – digo isso e começo a escalar com agilidade e com a ajuda das minhas irmãs protetoras das terras e florestas. Olho pra baixo e o vejo tentando acompanhar meu ritmo, sem muito sucesso, mas também nada que vá fazer nos atrasar. Reparo em seus olhos, um olhar assustado toma conta deles, daí percebo como devo estar parecendo, uma garota de aparência morta de tão azul que está agora, roupas rasgadas e subindo um penhasco como uma aranha anormal. Coitado, tomara que não tenha pesadelos a noite, não vai ser de muito uso pra mim se não estiver inteiramente descansado. 

Vários minutos depois consigo alcançar o topo e salto para a terra firme, caio no chão. De repente todas as minhas forças se foram e flashes de uma vida passam pela minha mente. Olhos assustados me encaram enquanto estavam prestes a jogar um garoto pelo penhasco. Deve ser o tal de Bruno.

- O que aconteceu com você? - um homem me pergunta, olhando assustado pela minha aparência – Pensei que estivesse morta.

Os flashes vem novamente, dessa vez consigo ver claramente, ele matando uma garota. Sinto um nó no peito, eu conheço, conhecia ela, era minha amiga e ele a matou. Desgraçado.

- Você a matou! - falei com a voz chiando.

- Quem?

- Não sei seu nome, mas foi muito importante pra mim.

- E o que vai fazer? Não passa de uma morta viva fraca e débil, já vi tipos assim antes.

- Mas nunca viu alguém como eu, por que se tivesse visto, teria tido o bom senso de não perguntar o que irei fazer contigo.

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